PARA QUE SE SAIBA QUEM DEFENDE O HOSPITAL NO CONCELHO DO SEIXALDECLARAÇÃO DE VOTO
Projecto de Resolução n.º 488/X
«Sobre o perfil do novo Hospital no Seixal»
Com este Projecto de Resolução, o PCP confrontou os Deputados da Assembleia da República com a necessidade concreta de uma tomada de posição política, relativamente a uma questão decisiva para o novo Hospital no Seixal: a dotação de camas de internamento e de um serviço de atendimento para situações de urgência que corresponda a uma adequada assistência hospitalar, que satisfaça as necessidades das populações.
Com a nossa iniciativa, propusemos que o Parlamento dirigisse ao Governo exactamente essa recomendação, que corresponde a uma firme exigência das populações e utentes da saúde – e desde logo a uma incontornável e inadiável necessidade ao nível da rede de cuidados hospitalares na Região de Setúbal.
Essas necessidades foram de resto identificadas em Dezembro de 2006 pela empresa Antares Consulting, num estudo considerado pelo Governo como de referência técnica para a definição do Perfil do novo Hospital. Face aos critérios utilizados por este estudo, estamos perante um deficit de, pelo menos, 330 camas de hospital de agudos nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra em 2015, sendo de prever uma procura de cerca de 250 mil atendimentos urgentes, ou seja mais 84 mil do que os verificados em 2007.
Apesar desta constatação que resulta da avaliação técnica efectuada, a perspectiva apontada pelo Governo para este Hospital vai no sentido de uma tipologia que exclui a referência a camas de internamento e a serviços de urgência.
Apresentámos então este Projecto de Resolução, sublinhando desde o início que o texto em causa não era nem é “o texto do PCP”, mas sim um texto que foi subscrito, apresentado e votado favoravelmente por todos (todos!) os partidos políticos na Assembleia Municipal do Seixal. E isto, após o mesmo texto ter sido aprovado por unanimidade no encontro dos utentes da saúde realizado naquele concelho em Fevereiro passado.
Numa lamentável (mas já habitual) atitude de incoerência e desonestidade política, e de desrespeito pelas populações e utentes da saúde da Região de Setúbal – e em particular dos concelhos do Seixal, de Sesimbra e de Almada – o PS deu o dito por não dito, e veio para o Parlamento votar contra o mesmo documento que aprovou e subscreveu no Seixal.
Não só o PS inviabilizou esta recomendação, rejeitando-a na votação em Plenário, como a renegou e atacou de uma forma verdadeiramente lamentável aquando do debate na Comissão Parlamentar de Saúde.
A bancada da maioria, pela voz do Deputado Paulo Pedroso chegou ao ponto de acusar este Projecto de Resolução de ter «uma concepção paroquial da rede hospitalar», gabando a decisão do Governo de «evitar duplicações de recursos com o Hospital Garcia de Orta» e chegando ao ponto de proferir a inacreditável afirmação de que «bem feitas as contas, o estudo [da consultora Antares] aponta para um excesso de oferta no território da Península de Setúbal».
As populações e os utentes da saúde – mas também os Deputados do PS – sabem bem que o Hospital Garcia de Orta se encontra numa situação verdadeiramente insustentável, com praticamente uma em cada cinco camas do Hospital a serem ocupadas com situações de urgência, com doentes que se dirigem às Urgências enfrentando tempos de espera da ordem das sete horas ou mais.
O Grupo Parlamentar do PS afirmou que o novo Hospital no Seixal, supostamente para compensar a inexistência de camas de internamento, terá «associada uma unidade de convalescença, no âmbito da rede de cuidados continuados».
Tal afirmação, proferida numa Comissão Parlamentar de Saúde, só poderá revelar uma de duas coisas: ou um confrangedor desconhecimento sobre a realidade e as características dos serviços hospitalares, ou então uma clamorosa desonestidade política, ao tentar confundir camas de agudos com cuidados continuados para ocultar a óbvia insuficiência e inadequação deste perfil que o Governo actualmente aponta para este Hospital.
Ao contrário do PS, o Partido Comunista Português não trai a palavra dada, não volta as costas às populações nos momentos decisivos, não afirma uma coisa e o seu contrário. E é nesse caminho que prosseguiremos, sempre ao lado das populações e dos utentes da saúde.
Os Deputados do Grupo Parlamentar do PCP